segunda-feira, 4 de maio de 2009

DIVAGAÇÕES NOTURNAS - Essa é a pátria que nos pariu?

Mais uma vez bem vindos às minhas divagações, eu queria primeiro fazer algumas considerações, antes de começar a falar sobre o assunto de hoje, eu já havia preparado grande parte do tema que iria postar, e de repente me veio à idéia de criar uma sessão somente com imagens chamada "IMAGENS QUE FALAM”, então na minha busca por imagens pela internet, me deparei com algumas imagens cotidianas, que normalmente tratamos como banais, e até nos esforçamos para não ver. E foi justamente perceber o esforço que fazemos para não enxergar a verdade, que me causou repulsa e revolta contra mim e contra “o meu país”. O mais interessante é que quando criei esse blog eu havia decidido comentar temas comuns, mas uma das regras que eu defini para mim mesmo, é que eu nunca escreveria abertamente sobre temas polêmicos e que são comumente, tratados em jornais, revistas e outras fontes de informação, porém a simples observação dessas imagens me fez mudar de idéia. Então podem me acusar de repetir o que vemos no jornal, ou de não estar falando sobre um tema “novo”, mas acima de tudo, estou falando sobre o que o meu coração está pedindo com urgência.

O BICHO


VI ONTEM um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manoel bandeira)



Geralmente nós andamos pelas ruas, “desatentos” ao mundo que nos rodeia, estamos atentos a marginais, carros em alta velocidade, buracos na rua, lojas, promoções etc. Mas e quanto aos nossos desabrigados? E as nossas crianças de rua? Sim, nossas, não somos nós os adultos? Não somos nós o futuro de ontem e a base do amanhã?

Lembro-me de quando eu era criança, e todo dia na escola, cantava o hino brasileiro, que hino, que letra, que esplendor magnífico, e no fim? Sim no fim do hino temos “dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada Brasil”, e eu me emocionava e me sentia brasileiro. Nosso hino fala de bravura, de vitória, mas fala de amor, de união como poucos no mundo (pra comprovar o que digo basta procurar alguns hinos de outras nações que só falam “glória, glória ou morte” ou coisas o tipo), mas é só um hino, nada mais que isso. Nós não honramos nosso hino, não honramos nossa pátria e não honramos nossos pais.

Por muitos anos minha mãe foi cobradora e nessas idas e vindas dela ela conheceu um garoto de rua chamado Mauricio, ele havia fugido de casa, por que o padrasto o maltratava (se não me falha memória), minha mãe passou a dar lanche a ele e terminou por “adotar” ele chegando ao ponto de levar ele pra passar um fim de semana em nossa casa, ele chegou sujo, com roupinhas velhas e rasgadas, e nos olhos dele eu vi tristeza e sofrimento coisa pouco comum nos olhos de um menino daquela idade, eu mesmo tinha por volta de onze anos, ele devia ter sete ou oito. Lembro de ouvir pessoas criticando minha mãe, por deixar um “marginal” passar um fim de semana lá em casa, até mesmo uma pessoa “próxima”, às escondidas se referia a ele como “o trombadinha”, e por fim me lembro de minha mãe chorando quando chegou segunda-feira. Minha mãe disse que se pudesse adotaria ele. Esse menino depois de um tempo sumiu e quando reapareceu parecia estar usando drogas, e sumiu novamente.

Minha mãe sempre foi excessivamente protetora e acho que por isso ela cometeu muitos erros comigo (assim como eu errei com ela), mas é uma grande mulher, com dignidade inquestionável, e me ensinou a ser um homem. Agora escrevendo esse texto me pergunto e se os papeis fossem invertidos? Se o John fosse Mauricio e vice-versa, onde eu estaria agora? Eu seria o homem que sou? Teria a vida me dado alguma chance?
São muitas perguntas e poucas respostas. Estou contando este fato da minha vida, para que possamos aprender com essa mãe, que não é mãe somente dos filhos a quem deu a luz (mas também daqueles, que Deus lhe deu como filhos nos caminhos da vida), e que a partir de hoje, quando olharmos o garoto do sinal ao invés de lhe “presentear” com um olhar de indiferença e uma esmola, possamos olhar como uma “mãe”, e doar-lhe um sorriso e umas poucas moedas de ajuda, pois a esmola vem do homem e a caridade vem de Deus.

E assim eu encerro mais essa divagação agradecendo a Deus, por ter sido uma mãe, e não uma "pátria" que me pariu.


O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas. (Martin Luther King)

4 já divagaram:

SOL,  4 de maio de 2009 às 16:19  

É realmente chocante essa nossa realidade, realidade essa que vivenciamos a cada dia em nosso cotidiano..Achei aqui um poemas que relata um pouco dessa realidade de vida do mundo.

Obs:"Tua mae grande Guerreira ela.."

leia..

MENINAS DE PÉS DESCALÇOS
- Zelisa Camargo -

O que será de mim com pés descalços
andando um caminho que nem sei
onde irá dar.
Nada vejo a não ser uma estrada vazia,
sem pessoas ao meu lado que me amparem
que lutem por mim
e assim caminho sozinha.
Sem rumo, com lágrimas
nos olhos,
pois perdida me encontro
nos caminhos da vida,
nesse caos onde não encontro
uma mão que me apóie e me ensine
de cidadania, de dignidade, de direitos
e assim vou perambulando cada dia mais
ao nada , à fome, à miséria, caminhando
e logo meus pés irão sangrar
e ai...
que farei para prosseguir minha caminhada
rumo de nada,
pois não vejo um futuro à minha frente,
mas um povo que senta e vê a vida passar...
apenas eu procurando um caminho
onde possa encontrar pessoas
que queiram lutar pela nossa cidadania
e dar a nós, crianças desse brasil,
um pais onde seja digno de ser vivido
e não termos medo de dizermos
eu amo o meu pais!
amo esse brasil!
que é o mais rico do universo
e o mais cobiçado.
a estrada esta aberta
o convite esta ai.
Quem quer me acompanhar nessa caminhada
em busca da nossa liberdade de sermos
brasileiros com dignidade
e honradez?
não podemos mais calar
e nem ficarmos paradas
faça como eu,
pegue a estrada e vamos à luta.
não importa que os pés sangrem
nosso brasil necessita de nós.


bjus sol

john 6 de maio de 2009 às 09:42  

lindo poema, e retrata perfeitamente a nossa realidade, agradeço por essa bela contrinuição Sol
bjão

Júnior Vondrake,  8 de maio de 2009 às 09:09  

Bem.
Um assunto que levei a muitos para poder comentar e que de cordo com minha opinião e modo de vida talvez você passe a torcer o nariz para mim ou até nossa amizade termine. (rsrs e falo sério).

Eu nao tenho pena alguma, não sinto remorso e nem "pobre-coitadismo". Se pode viver, viva, se não pode, não ocupe espaço.

Mas porque falo isso? Será que sou mau? O próximo Adolfinho?

Talvez. Mas acredito e ajo da seguinte maneira: Semelhante à sua mãe talvez, eu estendo a mão para ajudar na prática. Olho para essas pessoas ao invés de evitá-las e já participei e participo muito de obras sociais com intuito real de ajuda e não de ficar no cantinho chorando perguntando porque Deus permite aquilo.
Diferente de sua mãe, da minha, e de muitas pessoas e igual ao meu pai, eu não tenho pena alguma. Pena é pra fraco, galinha, dentre outros. Muitos estao numa situação de miséria por necessidade e outros muitos por descaração, mas no geral todos estão lá por culpa nossa da sociedade por realmente não olhar para eles, não divagar sobre eles e nós mesmos, e não procurar soluções, talvez não definitivas, mas que amenize.
Eles passam fome por falta de comida, ou passam fome por falta de estrutura social e cultural?
Lá no fundo o que alimenta isso é o preconceito. Por exemplo estamos numa terra que só preto.. É ISSO MESMO, FODA-SE OS CENTROS DE PROTEÇÃO A AFRO-DESCENDENTES E ME PROCESSEM SE QUISER, EU CHAMO É DE PRETO MESMO. PORQUE NÃO CHAMO NENHUM BRACO DE EURO-DESCENTENTE... e preto não gosta de ser preto, puxa saco de branco a grande maioria e aidna por cima se conforma na situação que está, sendo ou marginal ou ao inves de ir estudar usa desculpas para usar drogas e entrar para o mundo do crime.
Branco ... OS EURO-DESCENDENTES... quando tem um bom estudo, são mediócres, usam drogas com a desculpa que papai viaja demais, mamae é puta de salão de beleza, e são criados na base do "filhinho, faça o que tu queres porque há de ser tudo da lei e não se preocupe porque papai está aqui para te proteger".
Ai temos as Susanas da vida que matou os pais a mchadadas, temos neguinho que pega pretinhas em morro para FUDER e largar pra lá e ai gerar um monte pivete e criancinha para João peguar suas fotos e postar aqui, dentre outras mazelas.
Essas criancinhas fudidas são reflexos de nos mesmos. Somos cegos a nós mesmos. E semelhante ao meu comentario do texto Olhar Perdido, olhamos para nos mesmos porque só olhamos para os reflexos de nós mesmos...

Júnior Vondrake,  8 de maio de 2009 às 09:24  

Mas o que isso tem a ver?
Se não olhamos para nós, se não aprendermos com nossos erros, se não vermos que a "Roda da Vida" se move por conta própria, mas que seus caminhos dependem que nós metamos a mão na roda pra gruiá-la as criancinhas e pobre coitatinhos sempre irão existir.

Isso não é privilegio do Brasil. Existe em outros países também. Nos EUA tem mendigo e fudido a rodo, na europa nem se fala. Lá é local de mendigo e pobre coitadinho só que diferente daqui as pessoas querem que eles se fodam.

No japão, tenho a fonte e como mostrar para provar. Fraco e fudido lá, não tem suas fotinhas em blogs não. Teve o caso de um homem que morreu e ficou três semanas no mesmo local. So tiraram porque estava fedendo e atrapalhando o comércio de um shopping.
Pire ai.

E na África. Que PRETO NENHUM DAQUI conhece, só estereótipo que ve na televisão e acha que a África além de ser país (não é é um continente), só tem preto.
Lá mesmo tem pobreza pra caralho, devido às explorações desenfreadas por ouro. Lá tem locais que pessoas apodrecem vivas. Ou guerras tribais até hoje, que evoluíram tecnologicamente e nego metralha o outro, ou multila. E aí? Fodam-se, né? Ninguem faz nada para ajudar só sente peninha e pobre-coitadismo.

As criancinhas daqui e pobres coitados devem ser ajudados sim, mas na prática e não no chororô.

Como? Ora porra! Levando cultura até elas, com circulos literarios como projetos para que elas tenham cultura. Multirão para levar comida dentro do possível, esclarecimento socio-cultural para as mães não ficarem fudendo a torto e a direita para não por mais pivetes no mundo, e para os não pobre coitados como riquinhos para deixarem de ser medíocres e os projetos de ladrão e vagaundo de escolas que só vão lá pr fmar maconha. Esses também precisam de atenção porque eles podem ajudar no futuro quando ou se se concientizarem.
Eu não tenho pena. Já vi muitos locais cheios de indijentes e que a prefeitura o outros órgãos foi lá metralhou todo mundo e o local virou um otimo shopping, uma otima praça bem melhor que um local cheio de fedentina, doença e nego roubando e trepando para fazer mais pobres-coitados.
Ajudar, ajudo sim e na pratica.
Ter pena, não tenho e se pudesse aos que eu não posso ajudar mandava todo mundo pra casa do caralho. Sem dó ou piedade.
Num vou mentir.
Prefiro ser sincero comigo mesmo, olhar o problema de frente e ter soluçoes do que ficar de chororô e alimentar coitadinhos com moedinhas para coprar cola, dinheiro para montar boca de fumo, ou ficar chorando para a pobre criancinha que não te como viver. Tá fazendo o que lá então?
Ocupando espaço.

É por isso que gosto da chuva. Sempre que ela vem as bocas de lobo sujas, entupidas de lixo que a própria sociedade produz e que foram neglienciadas pela mesma e invisíveis no verão, logo transbordam e mostram como o local e a sociedade onde lá vive é tão suja e pobre quanto as pobres criancinhas na rua.

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